De mim para meu próprio eu

Eu confesso que sofri, sofri

e me senti sem ar

sem mar

sem fim.

Confesso que chorei, chorei

e quase gritei.

Confesso que quase me senti

sem mim.

Eu confesso que não confesso,

que apenas converto e converso sobre mim.

Falo sozinha nas minhas agonias e nas alegrias sorrio pra ti.

Todas minhas conversações são para me ouvir.

São para saber o que há dentro de mim.

Preciso conhecer-me e surgir para zunir.

Preciso resplandecer e crescer para o meu próprio aprendiz.

Confesso que não confesso.

Minhas palavras saem quase sem querer e lembro que tudo é o que o meu pensamento quer deter.

A queda que me persegue cai antes de mim e meus suspiros caminham numa abstrata paixão.

Proíbo-me de vê o que desejo, pela nação que vive a não permitir a fazer o que quero.

Vivo tentando pensar que é obrigação viver nesta desambiguação.

Canto sempre para esquecer e envolver a minh'alma sobre o meu eu.

Eulânia de Andrade
Enviado por Eulânia de Andrade em 24/02/2013
Reeditado em 24/05/2018
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