Para sempre nada.
Meu anjo, meu ego, meu tudo, com qual lápis escrevemos nossa história? Em que parte do caminho a ponta do seu quebrou e você resolveu não consertar? Quantos rascunhos feitos de nós dois para que depois fossem jogados fora, nós nunca conseguimos nos completar, nos decifrar, fazer um desenho de nós mesmos. Somos sombra de um amor fracassado rondando por aí em meio a fumaça e cheiro de álcool. Somos o sim e o não, o desejo e a repudia sempre querendo mais de nós mesmos, mas sem doar nada para provar isso. Tento adivinhar em que parte da estrada eu deixei você ficar e segui sozinha, quantos caminhos cruzamos até nos perdermos em definitivo e sem volta, que labirinto foi esse em que nos metemos só para confundir ainda mais duas mentes cheias de icógnitas. Não existem mais discursos prontos, nem declarações a serem feitas, pulamos toda a parte do romance com o único desejo de dividirmos o "nós" em "eu" e "você". Nosso tempo movido por relógios de fuso horários diferentes e calendários de culturas opostas, numa fuga inacabável daquilo que chamamos de amor.