Disciplina da Violência
Eu quero vomitar, pesadamente em jatos, extravasar a frustação, vomitar tudo o que eu tenho no estômago, jogar para fora tudo aquilo que faz meu estômago queimar, e quando não houver mais nada, quando toda a bile for jogada para fora, eu quero vomitar mais, quero vomitar a minha essência, não quero que sobre mais nada dentro de mim, quero vomitar tudo e ficar vazio por um tempo, mas não quero recorrer à bebida, nem a qualquer método artificial, quero que o que tenha dentro de mim simplesmente saia.
Eu quero que o meu eu do futuro venha ao passado, com um pesado taco de baseball, de madeira maciça e acerte em cheio um golpe na minha têmpora. Um único golpe, com toda a ira carregada, toda a frustração que eu sinto comigo mesma seja focada em um único e poderoso golpe, que me bata para fora de mim, algo capaz de simultaneamente quebrar o taco e o meu crânio, algo que me quebre o que tenha por dentro, em pedaços tão pequenos que eu leve mil anos para reconstruir.
Eu quero ser enforcado, quero um corte profundo e cruel na jugular que abra o meu pescoço de um lado ao outro, cair de cabeça do alto de uma árvore, ser empalado, atropelado por um caminhão de 10 eixos, ter o corpo cravejado por balas de fuzil, até que lágrimas de ódio deixem de cair para que o fogo transforme o que sobrou em cinzas jogadas ao vento.
Sei bem demais reconhecer meus erros, e busco na violência a redenção. Não, estou sendo contraditório, mas escrever sobre a fúria é uma maneira de tirar um pouco dela de mim. Minha fúria é passageira, e direcionada a mim mesmo, aos meus erros e às minhas frustrações, não quero a violência de verdade, não quero o masoquismo e a morte não será a minha redenção, por mais violenta que seja, quero apenas a paz de espírito e descarregar a negatividade é melhor do que ignora-la, e busco a cada dia ser alguém melhor...
Tanto faz...