Pra não dizer que não falei do ódio.

Eis que tenho tanta coisa em mim guardada que faz meus cabelos ficarem brancos, vejo cada dia mais rugas aonde devia ter espinhas, vejo tanta olheira em mim, tudo porque fico remoendo tudo isso a noite, mal podendo sequer fechar os olhos. Não sei se ter tanto rancor guardado só pra mim faz bem. Segui minha vida assim, tudo pra mim, só eu sei o que há guardado. Se mostrasse os sentimentos que tem dentro de mim eu não seria o que sou (ou pelo menos o que quero que os outros vejam o que sou). Eu sei que sentir rancor, desgosto, ódio não faz bem, mas tem coisas que não tem como decidir. Um terreno não escolhe que nasça erva daninha. Eis que declaro que na estrada da minha vida passei diante de muito dessas ervas. Digo que não fiz questão de remover. A horda só cresceu. Há tanto ódio em mim que não sei como ainda não explodi. Já tive vontade de bater em alguém até ver a beleza se desfazer, até causar o maior estrago que pudesse. Eu quero ver o estrago. Eu gosto do estrago.

Fechei meu peito para que ninguém visse esse meu lado sombrio, fechei até para mim mesmo, nem eu aguento ver tanto rancor em mim.

Sei que a muito mais do que rancor em mim, mas tem horas que parece que esse ódio me cega, me deixa fora de controle, parece que nada que não for o caos me ajudaria. Preciso de muito auto-controle, preciso de muita paciência. Mas meu pavio é curto e são muitos explosivos em volta.

Felipe A Soares
Enviado por Felipe A Soares em 22/01/2013
Reeditado em 22/01/2013
Código do texto: T4097896
Classificação de conteúdo: seguro