Em qual Deus eu acredito?


Eu sempre acreditei em Deus.
Do meu jeito. Da forma como eu compreendo.
Não sou o que se pode chamar de “temente a Deus”. Primeiro, por que temente significaria que Deus exerce sobre mim um poder que desperta o medo, o que não é verdade. Segundo, porque minha relação com Deus não provém de nenhum sentimento negativo. Portanto, temor, reverência, culpa e outras palavras do gênero não se aplicam a mim.
Também nunca confisquei Deus. Não sou dona Dele e não O uso para justificar minhas opiniões ou meu comportamento.
Da mesma forma, nunca o encerrei em um livro, um edifício, uma igreja, um grupo, um representante, uma ideologia, um conjunto de regras ou uma religião. O Deus que acredito, não é vingativo ou cruel, não atende um em detrimento ao outro, prefere um país ao outro e nem elege uma religião.
Com base no que acredito, aprendi desde cedo a observar o mundo. Nele, vi pessoas sedentas de conhecimento porém perdidas em teorias, números e letras mortas.
Também vi pessoas simples, sem cultura alguma, mas com um brilho tão intenso e puro que me curvei diante da sabedoria que emanavam gratuitamente.
Vi homens e mulheres passando pelo tempo à espera de um milagre que os tirassem da vida árida, sem que percebessem que a vida era a plena, a atitude, no entanto, equivocada.
Vi crianças sorrindo e crescendo em meio ao mundo de fantasia sadia. Vi adultos e pessoas à beira da morte que tiveram vidas árduas, mas que, no último momento, tiveram lucidez e optaram pelo mesmo mundo de fantasia das crianças que foram um dia.
Vi casamentos serem construídos de poeira, outros, serem destruídos pelos mesmos castelos de ar com que foram criados.
Ouvi muitas músicas, muitos sons, muitas teorias.
Soube de palavras que curam, de ervas que tratam, de mãos que aliviam, de orações, de livros sagrados, rezas, mantrans, perfumes, ritos, mitos, dogmas, símbolos e toda sorte de oráculos miraculosos para “falar” com Deus, para que o espírito evoluísse e a alma fosse salva. Invariavelmente muitas destas pessoas eram dissimuladas, frias, recorrentes em seus erros, exigentes no perdão divino e barganhavam indultos em nome da fé e da falsa devoção.
Por outro lado, conheci pessoas que nada pediram, que seguiram pela vida sem entoar nenhum cântico, nenhum louvor, sem pregar nenhuma palavra, sem ter lido sequer uma linha sagrada de qualquer livro, mas que, ao final colheram os frutos de um casamento feliz, de filhos abençoados e de amor compartilhado do início ao fim de suas vidas, simplesmente porque desconheciam que Deus precisava de regras e leis para ser sentido e vivido.
Isto me fez refletir.
Acho que não tenho que mudar nada. Não preciso começar a procurar fora o que está tão vivo dentro de mim.
Deus é simples. Toda a beleza da vida também. E acredito que se Ele pudesse nos dizer exatamente como proceder diria: aproveite a vida, faça boas obras, respeite e exija respeito, cumpra as leis, mas acima de tudo, ame e seja amado intensamente.

 
Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 18/01/2013
Reeditado em 18/01/2013
Código do texto: T4092044
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