Tardes quentes

Nesses dias de calor me recordo da minha infância. De quando eu chegava do colégio pela manhã e passava a tarde inteira na casa da minha avó.

Mesmo sozinha amigos não faltavam, os problemas não existiam e a tristeza passava longe de meu pensamento.

As tarde quentes em que eu pulava na piscina para aliviar um pouco do calor...

As tarde quentes na casa da minha avó eram inesquecíveis... A casa dela tinha um cheiro bom, cheirinho de vó mesmo sabe, cheia de amor e carinho, afinal vó é vó!

Sempre uma vontade minha era realizada, fui muito mimada, é verdade, mas foi uma delícia...

As tardes quentes na casa da minha vó...

Me lembro que ficava olhando pela janela da sacada da casa, inventava mil histórias até com as formigas que por ali passavam, coitadas muitas foram jogadas lá de cima, e não morreram...

Quando passava as tardes na casa da minha vó...

E foi na casa dela, no tapete vermelho da sala, que eu comecei a tomar gosto pela leitura, me lembro até hoje de um livro que li nesse mesmo tapete "A porta da aventura", não lembro o nome da autora. Nossa, nem lembro quantas vezes li aquele livro e agora nem consigo mais encontrá-lo, seria uma pena se tivesse sido estraviado por aí. Nesse mesmo lugar li inúmeros outros livros de diversos autores, Pedro Bandeira e muitos mais...

Na casa da minha vó eu já fui bailarina, princesa, médica veterinária, ginasta, professora e até bibliotecária, pois lá a imaginação corria solta!

Vó que saudade! Partiu tão cedo e o cheiro que sua casa tinha foi se perdendo aos poucos até desaparecer de vez... É muito triste quando queremos lembrar das pessoas que já partiram: primeiro esquecemos seu cheiro, depois o tom de sua voz e a sua risada e depois disso, as imagens começam a nublar na lembrança, somente as fotos conseguem nos mostrar uma imagem nítida.

Ai vó... Que saudade das tardes quentes na tua casa... Que saudades de ti...

As tardes quentes na casa da minha vó!