Maxambeta

Já a muito tenho dito, repetido e repetido por diversas e incontáveis vezes, mas pareço apenas fazer mímica para a platéia que vê, mas finge cegueira aos meus braços agitados sinalizando para os destroços do que sobrou daquilo que um dia foi coração... Fingem surdes aos meus gritos e ao meu pranto doído, a eles sou apenas mais uma na multidão, de gente que anda apressada demais pra parar um instante que seja e escutar as lamúrias de outro alguém, que não seja a si mesmo. Egoísmo puro! Egoísmo é o que se tem demasiadamente por ai! E ao que tanto quero que atinem é: MENTIR PODE MATAR! Não mata de verdade, sabe? Não leva o fôlego de vida, mas deixa o corpo arrefecido, o que é quase o mesmo que morrer. Pois é assim que estou, estagnada diante ao que o embuste me causou. Destruiu-me a pouca fé que tinha, arrebentou o laço que unia uma família, que perfeita nunca fora, mas sabia se comportar como uma, reunida ao pôr-do-sol de sexta-feira a cantar. Bastou uma mentira para que o enredo se desenrolasse da pior maneira que podia: Quebrou-se o encanto de festejar a chegada do sábado, foi-se embora a paz que habitava as paredes daquela casa, atirou-se longe o amor que ali morava. É triste ver o fim adiantar-se sobre o que não é eterno, por causa da maxambeta de uma mulher. Toda verdade que fora dita após esse desfecho tornou-se duvidosa e para aquele lar a harmonia jamais voltou.