Subterfúgio (A Conquista do Espelho)
Me olhei no espelho e o pânico tomou conta
Os 18 anos já fazem diferença
Corri pela minha vida a procura de um reflexo
Encontrei-o na palma da minha mão.
Um rosto marcado por tantas vidas já vividas
Por tantos "eus" e fantasmas deixados pelo caminho
Por tantas mensagens não recebidas
Por tantos cabelos agora crescidos.
A conquista do espelho nunca me ocorreu
E ultimamente tenho me submetido as imagens fantasmagóricas
As imagens que ele me mostra e quero esquecer
As imagens que revelam quem eu realmente sou
As imagens que refletem o espirito desgastado da inexperiência.
A solidão de um quarto ausente de todo o resto, um quarto do exílio
É tão bom e tão ruim ao ponto de me deixar insanamente desperto
De me deixar ser massacrado por fatos passados
De me deixar renascer com fagulhas de esperança
Esperança que tenta me levar pela alvorada
Mas que sempre se afoga na hora mais escura da noite.
Um suporte tão antigo foi levado ao chão por balas de canhão
Balas que levaram a um espiral de crescimento
Um crescimento doído e sincero...
Um suporte novo que nunca foi construído, nunca foi planejado...
Nunca foi imaginado.
Eu olho para o espelho.
O reflexo me engana com uma visão esperançosa ás 2h da manhã
As ruas de pó e pavor são menos barulhentas que o caos interior
O meu interior? Não sei, nunca me foi revelado.
O espelho sorri pra mim, e tento retribuir o sorriso
Mas ás 2 e meia, nada motiva o suficiente.
As marcas de dedos mancham a superfície do reflexo,
A profundidade da alma é marcada pelo toque
É afundada a razão pela qual fitei o espelho...
Só vejo o que não quero, mas o que preciso
O que não tenho, mas não preciso...
O que não preciso, mas desejo...
O entrave em meu cérebro pede descanso
O reflexo pisca pra mim, me envenena com ilusões
E eu acredito.
Vou continuar acreditando até chegar a conquista
Do espaço, do espelho, do meu eu...
HG numa caixa de som embala tudo, põe palavras em minha boca
E me aquece pra um amanhã desconhecido e desolador.