Enxaqueca

Migraine, cefaléia, dor de cabeça, headache, enfim... inferno.
Só quem já teve é que sabe.
Fotofobia, dificuldade para respirar, suores frios, náusea, pressão alta, sensação de que a morte chegou.
Tenho dores de cabeça há mais de 30 anos.
Já foram piores, daquelas do tipo que se quebra os dentes tentando conter a dor ou se arranca os cabelos para tentar tirar a dor de dentro da cabeça.
Também já tive crise onde rastejei no escuro à procura da gaveta de remédios e cega de dor, mastiguei meia dúzia deles sem saber o que eram.
Nas crises mais graves, não teve jeito, hospital e remédio na veia.
Quem sofre disso, pensa em mil soluções quando a dor se torna insuportável.
Eu já pensei em furar a lateral da minha cabeça (minha enxaqueca é unilateral), em tomar doses cavalares de analgésico, em gritar até tirar a dor e por incrível que pareça chequei até a pensar em... bem... em cortar a cabeça, porque aí, a dor iria embora de vez.
Sim, é insano. Mas no ápice da dor pensamos coisas absurdas para nos livrarmos do sofrimento.
Minha enxaqueca era leal, confesso. Durava em média 15 dias por mês. Durante estes dias, eu começava com analgésicos já de madrugada e chegava a engolir de oito a 10 comprimidos até a hora de dormir.
Não resolvia.
Depois de vários tratamentos, exames e médicos, não houve uma conclusão.
A última crise terrível foi há quase um ano e exigiu oito analgésicos, seguidos de uma injeção de profenid, uma de tramal e por fim, morfina.
Hoje ainda sofro com as dores.
São menos intensas e duram menos dias, mas dor é dor.
Ontem amarguei o pico de uma crise e após dez analgésicos, por fim, ela se deu por vencida e aplacou sua ira.
É indiscutível que há vários fatores que desencadeiam este monstro.
O corpo tem memória e a dor é uma resposta a algo que não vai bem.
Em parte dos casos, os processos emocionais são os disparadores das crises.
De 0 a 10, minha dores de cabeça hoje, são no máximo de grau 4.
Minhas crises diminuíram quando minha alegria, satisfação, tranquilidade e descanso aumentaram. Mas este é o meu caso.
Hoje, 3 dias após lutar com a dor, sinto apenas umas pontadas leves do lado direito da cabeça. O resto do corpo amarga a “ressaca” pós-crise: estômago irritado, corpo dolorido, mente cansada, períodos de insônia, baixa concentração, irritabilidade.
Não dá para reclamar. Neste momento, minha cabeça dói quase nada, só um fiapinho de dor.
Quem já viveu o inferno de várias enxaqueca de grau 10 sabe que uma dorzinha de nada não representa perigo, às vezes traz até alegria.
Papo de doido mesmo, do tipo daquele que tendo de escolher entre o fogo e a frigideira, fica feliz e sorridente com o que causa menos estrago.










 
Edeni Mendes da Rocha
Enviado por Edeni Mendes da Rocha em 11/12/2012
Reeditado em 11/12/2012
Código do texto: T4030691
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