ATEUS POR SEUS TEXTOS




1.JESUS NUNCA EXISTIU

‘Jesus Cristo não passa de mais outro arquétipo onde os fracos de compreensão se agarraram’.


Sustentar essa posição implica no risco de não ser levado a sério, e até mesmo por ateus com alguma sensatez, já que não há pessoa para a qual existam mais provas históricas de sua existência, no século primeiro, que Jesus Cristo.Seria necessário, por exemplo, afirmar que Flavio Josefo, historiador, foi também um arquétipo e, portanto, tudo o que escreveu não passa de uma ficção histórica – ou apenas ignorar espertamente o que disse a respeito de Jesus Cristo no Antiguidades Judaicas.
E ainda há mais : o texto de Públio Cornélio Tácito, um dos maiores historiadores da Antiguidade (56-57 AC), na parte XV dos seus Anais:
 
“Nero infligiu as torturas mais refinadas a esses homens que sob o nome comum de cristãos, eram já marcados pela mais merecida das infâmias. O nome deles se originava de Cristo, que sob o reinado de Tibério, havia sofrido a pena de morte por um decreto do procurador Pôncio Pilatos”
Eis o comentário do grande historiador inglês Edward Gibbon (1737-1794) sobre esta evocação do autor de Dialogus de Oratoribus:

“A crítica mais cética deve respeitar a verdade desse fato extraordinário e a integridade desse tão famoso texto de Tácito.”
De fato somente para os autores mais sensacionalistas e neo-ateistas desinformados Cristo é ‘apenas um arquétipo’.Para os que insistem na insânia da ‘ficção cristã’, pelo critério da evidência histórica, seria interessante também colocar em questão a existência de Sócrates, Carlos Magno e Júlio César, apenas a título de coerência...




2.RELIGIÃO NUNCA MAIS!

‘Sei da importância da figura de Jesus pra muitos cristãos, mas como ex-católico, fico agradecido a todos os autores (filósofos, historiadores etc) que li, e me fizeram ver como existem falsidades nas religiões e como elas podem ser perniciosas nos empurrando dogmas’.


Não faz sentido supor que o ateu saiba do que fala quando diz ‘dogma’, nesses termos, é mais razoável acreditar que usa o vocábulo de forma pejorativa.De qualquer modo fica evidente a inconsistência do que afirma já pelo teor emocional do discurso.O leitor é levado a crer que a insatisfação com a fé decorre da leitura de ‘filósofos e historiadores’, que teriam supostamente aberto os olhos do articulista para as ‘falsidades’ da religião, sem que se mencione em momento algum que na escolha mesma desses autores o neo-ateu projeta suas frustrações de ordem emocional, ou quaisquer que sejam, a fim de levantar subsídios que sustentem a sua nova busca pela verdade.Ora, a conseqüência é apresentada como causa, sem o menor constrangimento, ‘a verdadeira corrupção da razão’ segundo Nietzsche em seu CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS.



3.JESUS NÃO É O CARA

‘Você não entende como não consigo enxergar Deus na figura de Jesus’.
 
 
Até onde haja algo a ser ‘entendido’ a afirmação acima pode ser traduzida apenas em ausência de fé e negação irracional de evidência histórica da ressurreição Jesus Cristo.

Negar a Cristo é negar a Deus, não há meio termo no que se refere a esse tema.
Entender o que leva alguém a negar a divindade de Cristo é, em grande parte, colocar em perspectiva o que está em jogo quando se decide abrir mão de uma percepção equivocada, baseada em preconceito, a respeito da fé : pode significar renunciar a toda uma trajetória de vida e visão de mundo erguida sobre negação radical.Admitir o próprio erro, nesse caso, pode ser um passo grande demais para alguns, é até certo ponto natural que não seja tão simples uma tão extrema mudança de atitude.



4.CRISTIANISMO É LOUCURA

‘A forma mais comum de loucura é a crença apaixonada no palpavelmente falso’.
 
 

A afirmação, em seu contexto tendencioso não atribuída a seu autor, o jornalista Henry Louis Mencken, é um ótimo exemplo de ‘palpavelmente falso’.
Associar fé a desequilíbrio psiquiátrico é expediente antigo – ocorre-me Festo, dirigindo-se a Paulo : ‘Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar’ – assim como associar fé a ignorância, qual Celso (178 d.C.) em A VERDADEIRA PALAVRA, considerado o primeiro ataque textual ao Cristianismo.Não é difícil perceber, no entanto, que nem Festo, nem Celso, nem Mencken e nem o leitor tardio de Mencken tinham uma noção muito clara a respeito do que diziam – esse último, a exemplo da atitude inconseqüente de neo-ateus, provavelmente usaria uma frase de pára-choque de caminhão que lhe parecesse suficientemente impactante...
Não sabemos a que, exatamente, Mencken se refere quando diz ‘a forma mais comum de loucura’ e não faz a menor diferença, na verdade : ele poderia estar falando de leve neurose, psicose ou transtorno de personalidade, a partir da observação de seus sinais e sintomas, ou de qualquer elemento comportamental que ele julgasse tratar-se de loucura, Mencken não era psiquiatra ou psicólogo e a sua afirmação tem o valor da opinião de qualquer pessoa a respeito de qualquer assunto, inclusive sobre os que não domina, particularmente esses.Ao associar dois elementos a respeito dos quais sua autoridade é nula, quais sejam, fé e loucura, deixa evidente apenas a dimensão do desconforto que o Cristianismo lhe inspirava e nada mais, o equivalente emocional da birra de um menino mimado.
 
O leitor tardio e entusiasmado da máxima menckeniana aparentemente preferiu nem pensar a respeito.
 


5.A BÍBLIA NÃO FAZ SENTIDO

‘Essa minha desconfiança da Bíblia começou quando passei a lê-la por conta própria’.
 
 
‘Ler por conta própria’ aqui pode ser entendido como ‘atribuindo sentidos e interpretações que me ocorram conforme a minha conveniência e tendência’, o que é a forma mais efetiva de se incorrer em erros diversos de leitura e distorções de toda sorte.

II Pe 1:20 “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.”

A leitura competente das Sagradas Escrituras implica na observação atenta a alguns pré-requisitos estabelecidos pela Hermenêutica Bíblica.A experiência pessoal de conversão a Cristo e a prática da fé são imprescindíveis nesse processo, conforme I Co 2:14 ‘Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente’.

 
Entre outras observações importantes no propósito de leitura bíblica cito relevância do contexto ( não dissecar versículos ‘isolados’ ), coerência interna das Sagradas Escrituras e a chamada ‘regra de ouro’, de David L. Cooper : Quando o sentido simples da Escritura é de senso comum, não procure nenhum outro sentido; portanto, tome cada palavra no seu significado literal, usual, primário, a não ser que fatos do contexto imediato, estudados à luz de passagens relacionadas e de verdades axiomáticas e fundamentais, claramente indiquem o contrário.




6.A FÉ É IRRACIONAL

‘Discutir com um homem que renunciou à sua razão é como medicar um cadáver’.


O ativismo neo-ateista estaria melhor representado se entre as suas fileiras militantes não se encontrassem tantos recitadores de ‘celebridades’ ou de ‘ateus famosos’.A afirmação acima é atribuída a Thomas Paine, sabe-se lá em que contexto, e é geralmente usada por neo-ateistas quando querem sugerir que fé e razão são incompatíveis.
 
Não se sustenta enquanto argumento e traz um pressuposto embutido : com efeito, tentar refutar isso já é assumir que fé e razão sejam, de fato, excludentes.
 
O que o neo-ateu pretende com isso é evidente, lutar no único plano em que se sente confortável, o das batalhas imaginárias, ora essa!Pois ao compor seu boneco de palha representativo do que supõe ser a Fé e, logo em seguida, sentenciá-lo à morte, acaba por expor seu maior temor, de forma subconsciente, na expressão mesma de sua defesa – ou alguém pode conceber algo mais irracional que a velha e péssima Falácia do Espantalho?



7.FÉ É PREGUIÇA MENTAL

‘Acreditar é mais fácil do que pensar, por isso existem muito mais crentes que pensadores’.


Na verdade pode ser exatamente o contrário, acreditar pode significar um esforço imenso, principalmente quando se trata daquilo que deve ser a ‘fé de um ateu’ :
 
‘Quem consegue acreditar em múltiplos universos, para desmerecer o principio criacionista, ou diminuir a força do principio antrópico, não deveria ter problemas para acreditar em céu e inferno. Basta considerá-los universos alternativos, funcionando fora do espaço e do tempo de acordo com leis que não operam em nosso Universo. Até o ateu deveria agora conseguir visualizar uma esfera na qual não exista mal nem sofrimento e onde os habitantes nunca envelhecem. Esses conceitos tradicionais, que há muito foram rejeitados como disparates baseados nas leis de nosso mundo, deveriam ser bastante críveis e talvez até obrigatórios para aquele que defende existir uma infinidade de universos’.

Owen Gingerich

Reiterando o que tenho dito ultimamente : é preciso mais fé pra ser ateu que pra ser cristão.


















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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 16/10/2012
Reeditado em 17/10/2012
Código do texto: T3936433
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