Assim vou vivendo
Então vou vivendo assim
Alicerçada pelos anos de luta e de pedras escudadas com sorrisos fortalecidos e lágrimas não derramadas.
Vou respirando os ares do dia, sorvendo os ensinamentos da noite.
Nos minutos que vão construindo meu tempo,
Vou esbarrando nos ângulos e dissecando as flores que nunca foram mortas.
Sim, vou passando assim
Acreditando no que quase não se acredita
Brincando de brigar e brigando para fazer brincadeira com aranhões que vestem a alma ainda vasta.
É verdade, vou criando, recriando, revivendo e até sonhando
Com a dança de todos os tempos, com os versos que ainda não se transformaram em prosa, mas se sucedem na poesia derramada de todo dia.
É, às vezes vou emudecendo, em outras, vou crescendo.
No lapso entre as duas, sigo apenas observando.
Fujo e volto quase desnuda diante do espelho que também me enxerga.
Mistura mais rara, mais bela, extraída de tintas primárias,
Ora transformadas em cores criadas, ora em telas limpas e pinceladas transmudadas com as vivências que me são caras, que me são raras...
Cabelos ao vento
Olhos ao longe
Certeza e dúvida de séculos
Sim, assim vou vivendo.