A Aliança
Ele ensaiou por muito tempo o momento de por uma aliança no dedo dela.
Pensou, analisou, correu, escondeu o que via e o que sentia quase sem querer.
Por muitas vezes brigou com as palavras, com as cenas, com os fatos e com a razão que de objetiva nada tinha.
Um dia resolveu que era hora de ir embora.
Se o trem já tinha partido, que sentido fazia ficar na estação?
Novos rumos, novas cores, novas sensações e quem sabe até amores.
Ela, por sua vez também não acreditou no que quase via.
Era clareza demais em olhos que nada falavam mas que tudo refletiam.
Brigou com as cenas, com os poemas, com os rumos e as estradas que escolheu.
Por muito tempo, ponderou, refletiu, esperou, tentou e por fim, desistiu.
Se o tempo já tinha passado tantas vezes, que sentido tinha continuar esperando?
Mas a história da vida sempre pode ser escrita novamente
Se não pelos tolos que se julgam donos das decisões e dos planos,
Por Aquele que tudo vê e tudo sabe.
E hoje, mesmo com bons e velhos questionamentos
Ele se pega sorrindo e qual tapete embaraçado, cheio de nós e fios de seda,
Se vê pleno, temeroso, aprendendo.
Feliz! E como sempre foi, profundamente amado.
Ela não é diferente.
Juntada e rejuntando peças e poemas, cacos e fragmentos, falas e falácias, temores e sorrisos,
Compreende o tamanho e a felicidade do caminho percorrido.
Dois tolos, perdidos na falsa percepção de que são os reais tapeceiros desta história.
Seguem felizes, ainda que sem saber ao certo os planos de quem realmente tece os fios.
Amor é a lei!
Da aliança que agora se materializa feito argola simbólica,
Reforça-se mais vez, a antiga e imutável aliança do sacramento de outros tempos.
Para ela, enfim, o casamento.