A amizade e a saudade
A interação entre as pessoas acontecem de forma natural, sem necessariamente haver a devolução do sentimento cedido, da ajuda prestada, do carinho doado e, não, emprestado. É assim que começam as amizades, grandes faíscas de sensações boas borbulham nas ideias de quem buscam amizades duradoras, verdadeiras e estimulantes. O grande problema é pensar que o outro deve, obrigatoriamente, ser igual a nós. Isso é uma balela, não existe e nunca vai existir, pois a divergência do ser humano frente a outras pessoas é incomensurável, divergente e desigual no fomento da semelhança dos atos, das atitudes e da cultura individual e pontual.
A sensação de estar perto de alguém que nos entende, que nos critica quando necessário, que nos agradece quando oportuno e que nos ajuda quando precisamos é algo sensacional e faz alicerce mediante fomento do coração. E assim se constrói o caminho da dignidade entre pessoas que não precisam ser iguais para extraírem emoções sensacionais nas batalhes do dia a dia para cultivar a amizade. A perfeição não existe, logo não posso cobrar que alguém seja perfeito ou que acerte o tempo todo, pois em algum momento esse alguém vai errar ou fazer algo que me desagrade e eu terei que entender, pois eu vou cometer os mesmos erros ou erros parecidos que irá atrapalhar, de alguma forma, a amizade consolidada.
Sobremaneira, discussões, divergências, e outras tantas situações que fazem dois pensamentos tornarem-se diferentes não significa que o instinto amigo foi-se, não significa que o companheiro quer o meu não bem, pois em muitas batalhas precisamos começar da forma errada para sermos vencedores ou até sucumbir o adversário a desistir da batalha para todos viverem felizes. Mas na batalha da amizade diária existem muitos subterfúgios que confrontam pessoas que se gostam a se detestarem pelo simples fato de a inveja alheia sempre estreitar a coxia das relações de outrem.
Enfim, para ser amigo não precisa falar todos os dias ou estar perto a todo o momento. Acredito que esse sentimento deixou de ser amizade e passou a ser posse. Amizade se condensa em disponibilidade quando existe a necessidade, a amizade traduz a saudade como um fruto da boa relação. A saudade confronta nossa sensação de desperdício quando, na presença do amigo, muito tempo foi perdido com brigas, brincadeiras evasivas, fofocas desalentadas, desconexão com o sentimento de união. A saudade fermenta em nós a sensibilidade que se foi, ou a que deixou de existir, ou a que está longe, ou a que está perto mas por algum motivo a distância confrontou a realidade de duas ou mais pessoas que, por motivos adversos, sondaram a amizade a virar saudade por não mais existir.