PALAVRAS AO VENTO

Certa vez alguém atribuiu-me o nome "mulher palavra" e me fez perceber a real proporção de cada uma delas na vida de um indivíduo, e sem que eu pensasse muito pus-me a escrever noite a dentro.

A escrever e refletir sobre a ação da palavra sobre as pessoas: ora eficaz, ora emotiva, ora persuasiva, mas sempre viva, como verdadeira expressão dos sentimentos mais diversos, mais profundos, sejam eles reais ou inventados, puros ou cheios de intencionalidade, ou ainda, mera divagação como esta que tenho agora.

Não importa o tamanho do texto ou da frase, mas a força das palavras contidas ali.

A palavra é domínio, é exatidão, é expressão do lúdico em forma concreta, é a maneira mais sensata, é a forma mais brusca, mas também a mais doce maneira de formalizar um pensamento e imortalizar o seu autor.

Na palavra se concretiza o interior de cada escritor, de cada orador, do compositor, do cantor, do ator, de todos os pensadores e poetas.

Na palavra se condensa o extrato mental, se solidifica os reflexos inteligíveis, os parâmetros, os pontos de vista, as críticas e os elogios, por isso a palavra é sinônimo de democracia, pois reflete a liberdade de expressão.

Com palavras enobrece-se a si e aos outros, ofende-se e admira-se, acaricia-se e agride-se, com palavras se leva esperança e se traz boas novas, portanto a palavra é condução, é movimento entre almas e revela os mais intrínsecos "pensares", "sentires" e "quereres".

Nas palavras nos mostramos por inteiro, ficamos nus diante daqueles que as conseguem decifrar.

Mas há também palavras ao vento: aquelas que nunca, em tempo algum se tornam verbos, aquelas que se diz por dizer, que se diz por gentileza ou ainda sem pensar, aquelas que somente tomam forma nos corações e nas mentes dos que as ouvem ou leem e que parecem pairar entre o céu e a terra sem nunca tocar em algo sólido, aquelas que jamais se efetivam.

A palavra é mágica, é dom, é a divina representação dos signos, dos símbolos, do sagrado e do profano, do caráter, da personalidade, da essência, do oculto nas profundezas do ser.

Inês Dilela
Enviado por Inês Dilela em 29/03/2012
Reeditado em 05/08/2017
Código do texto: T3582108
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