Pensée 3
Do mal
• O mal nem sempre é conseqüência do ódio e pode ser independente dele. A natureza do mal é insondável como a do amor.
• O mal existe coletivamente e é responsável pelos infortúnios sociais. A guerra é uma de suas conseqüências, sendo gerada pelo jogo de ambições entre as nações, muitas vezes fomentada por grupos econômicos poderosos apátridas e sem consciência moral.
• O mal pode estar desprovido da comoção que geralmente acompanha o ódio, apresentando-se com uma feição que lhe é própria, o que constitui o maior perigo para a humanidade, devido ao caráter abominável do que pode ser feito.
• Enquanto uma parte da humanidade se deleita com os bens que o engenho do homem produziu, outra parte pode estar sujeita a mais obscura degradação física e moral, vítima da ambição e dos instrumentos do mal.
• O mal pode estar latente e não se manifestar até que as condições favoráveis o permitam. Assim sendo, ele pode ficar dissimulado, podendo enganar o mais perspicaz dos homens, através de uma aparência de inocência, honestidade, e simplicidade.
• O mal não vem de Deus; ele aparece acompanhado ou não pelo ódio e constitui uma distorção dos estados subjacentes, devido a ação de agentes externos e do livre arbítrio. O mal tem natureza metafísica e maligna.
• O homem que hospeda o mal pode não cometer prejuízo à sociedade, a não ser que apareçam condições favoráveis para isso. Assim sendo, pode surgir a dissimulação, o que passa a constituir um perigo maior para as pessoas.
• O mal pode ser dissimulado e não deixar transparecer o seu verdadeiro desígnio. Ele é contrário ao amor, que por mais que se queira evitar, pode ser denunciado por um gesto, um olhar, e mesmo por uma simples palavra.