Amor coisificado
Não precisamos de “Coisas” para dizer “Eu te Amo”.
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Olhamos para a sociedade atual e vemos que muitos valores se perderam em meio a tanta correria (o autor de Eclesiastes diz que corremos atrás do vento! ).As pessoas se tornaram objetos usáveis e descartáveis. Basta olharmos para os “reality shows”, para confirmar isso. Os relacionamentos estão cada vez mais escassos e - o pior - mais virtuais, e as amizades mais superficiais. É nítido que se evita o “olho no olho”. E o amor? Bom, o amor está enfrentando um processo de coisificação. Da mesma forma que coisificamos o ser humano, estamos coisificando o amor; tornando-o uma “coisa”; representando-o por “coisas”. Muitas pessoas não sabem demonstrar amor a não ser através de uma “coisa”. Não entraremos na discussão das várias linguagens do amor, mas na facilidade que há em escondê-lo atrás das “coisas”. Damos coisas para dizer “Perdoe-me”. Damos coisas para dizer “Eu te amo”. Usamos as coisas para dizer, ou para evitar dizer? Apostamos mais nas coisas do que na verdade de viver o que “a coisa” representa. Muitos de nós damos “coisas” para comprar o amor de alguém. Oferecemos “coisas” para sermos aceitos por outros. Somos avaliados pelas “coisas que possuímos”, ou que nos possuem.
As coisas também são formas de recompensar a atenção recebida, o carinho dedicado, o tempo investido, o comportamento adequado. Quantos pais, ao invés de tentar oferecer mais atenção e tempo de qualidade, dizem: “Se você se comportar direito eu te dou o carrinho de controle remoto”. Quanta barganha, quanta manipulação!
O problema é que essas “coisas” não param nos nossos relacionamentos interpessoais, mas são transferidas para o nosso relacionamento com Deus. Queremos coisificar o amor de Deus dizendo: “Deus, se o Senhor realmente me ama por que não me dá logo a minha ‘coisa’?” Opa! Perdoe-me, usei a palavra errada. Seria: “… por que não me dá logo a minha benção?”. Nesse sentido, percebo que não haveria diferença entre “coisa” e benção, pois se estamos simplesmente querendo uma troca, se estamos simplesmente barganhando com Deus, a “benção” não se torna benção em nossa vida, mas qualquer “coisa”.
Pare de amar através de “coisas”. Não dê “coisas” para dizer o que não consegue através das suas ações. Não estou dizendo que não devemos mais presentear as pessoas amadas, mas que esses presentes sejam apenas um detalhe e não o principal dos nossos sentimentos para com os outros. Experimente se abrir para receber o amor de quem realmente lhe quer bem. Ame a todos sem esperar “coisas” em troca. E o principal: Ame a Deus acima de TODAS AS COISAS.
Cari Silva.
Revisado por Mércia Padovani
Jan/2012