AORISTO
AORISTO
Eu sou isso
Não sou grego
Nem falo sânscrito
Apenas sou combustão
Um cosmo de químicos
Neurônios acessos
A emocionar.
Sou cisco
No olho do mundo
Do irmão que passa
Ao lado
Uma sombra
Na vida renhida.
Sou preciso
Impreciso
Para mim mesmo
Ainda vou devagar
Já tive pressa
Desgastei minha presa
E trabalho para pagar
Minha despesa.
Com água e sabão
Tenho que limpar-me
De minha sujeira
Sem beira e eira.
Aoristo e idiossincrasias
É um tornar-me
A cada dia
Sem saber para onde
E por que tem que ser
E ter.
Detenho em modos de ser,
Pensar e agir
Cada um vai com seu olho
Fareja seu caminho.
Uns com carinho,
Outros com trilho,
Vão, todos vão,
E são para algo e alguém.
Ninguém se basta
Senão fica preso
A sua pobre casca.
Defino-me na minha indefinição.
Fui folha branca que alguém escreveu.
Fui massa-côsmica que alguém modelou.
Sinto-me à estrada
No devir
No frigir dos ovos e óbulos,
Um caso em aberto,
Uma obra inconclusa,
Uma estrela errante,
Um astro cadente.
Torna-se o que é?
Tonar-se o que quer?
Tornar-se o que buscas?
Torna-se novo.
Torna-se o futuro
Que vislumbra
Planeta a tua semente
Agora
E se não colheres
Ou colherias outro
O que plantaste.
E a vida flui.
E não reflui.
Segue em frente.
E a gente sente
Que parece que
Ainda não chegamos
Somos indefinição
Até a morte.
A morte nossa definição!