SOU PALAVRAS E RASCUNHOS

Tudo o que sei é que nada sei

Ou sei de tudo o que me faz ser nada

Sou nada por pensar saber tudo?

Infelizmente recaímos no erro de sermos humanos

Queremos tudo saber, saber ser o todo

Esta arrogância aquecida por uma pele de cordeiro

Massa de joio apresentada como saboroso pão de trigo

Somos perfeitos, lobos togados

Martelamos sentenças alheias despedaçando espelhos em nossas mãos

Quão tragicômico seria o tribunal pessoal

Quem seriam nossas testemunhas de defesa?

Filantropias planejadas obscuramente visando bustos em praças públicas?

Oratórias aplaudidas pelo ego?

Qual o motivo da fuga da caverna?

Seria conhecer a realidade além das sombras ou construir nossa própria realidade?

Respondemos diariamente: "Tudo bem e você?"

Mas omitimos um: "Nada está bem, não percebe?!"

Trocamos a umidade da caverna por raios solares hipócritas

Tudo o que sei é que nada sou...

Sou nada para o Sol imutável

Sou nada para a lua complacente

Mas sou algo para mim, sou eu

Milhões de vidas, de experiências

De dores e amores, cortes e cicatrizes

De palavras e rascunhos

Cores e matizes

Sou tudo o que sei

Sei tudo o que sou?