## tudo tão raso....##

Lembro da minha infância, da praia, do mar, da intimidade com a água e com a areia. Às vezes queria mesmo ser uma sereia e não mais ter que sair do mar. Isso foi sempre latente em mim. Além do mais, as coisas que eu tentava construir fora dele, como os castelos de areia e grandes histórias de amor, o mar levava e todo meu trabalho ia pra lá, para o fundo do mar. Todas as minhas histórias, todos os meus mundos perfeitos iam-se.... Então eu caía no mar novamente. Ele era único, indestrutível, imenso e perfeito em todos os seus mistérios. Ele era tudo o que eu queria ser...

Na frente dos castelos eu sempre tentava construir um lago. O lago teria que ser profundo. Então eu cavava muito, tentando ir o mais fundo possível. Mas quando eu percebia, o lago estava lá, raso e maior do que eu queria. O mar não me deixava sentir sua imensidão e esse era um mistério que me fascinava. Em terra é tudo tão raso....tudo tão superficial....tudo tão destrutível...

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 07/01/2012
Reeditado em 11/08/2019
Código do texto: T3427966
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