Vida curta ao passado

Quem nunca viu, cedo, na matina, o corpo, ainda preguiçoso, repulsar o dia?

Bem, tudo é composto de querer...

Se hoje você está triste, o seu querer não é obrigatoriamente longínquo

Ele pode até lhe ser vizinho

Pode lhe ter castrado a vida

Ter cuidado com o que se deseja, é cuidar pra não morrer pela boca

Ou morrer pelo corpo, pelo bolso

Pela casa, pelas manias

Pelo despreparo, pela impulsão

É cuidar de si, como se os seus pedidos fossem realmente atendidos

Não adianta olhar pro céu e abanar papéis em busca de consolo...

Se você se dissolve em seu próprio desespero

A angústia aprisiona, mas a liberdade é um bem...

E, como todo bem, ela mesma precisa de proteção

Em prol de nós mesmos, acredite...Só nós mesmos

Harmonia entre homens e outros homens...

É tão fácil quanto a vida de uma criança bandida

De uma mulher mal amada

De uma alma maltratada

O peso do passado, às vezes nega-nos até o próprio sono

O descanso que é bem-vindo

Vida curta ao passado

Que quando o presente tiver ido, e no futuro nos encontrarmos

Fantasmas e dores imprecisas, tenham ficado...

Não no esquecido, pois não acontecerá

Mas sim, submissas, sob camadas de esperança.

Daniel Sena Pires – Vida curta ao passado (13/12/11)