Não me dei tempo
De um único golpe,
Sangra o meu corpo,
Lagrimam os meus olhos,
Mas não sinto dor.
Na mão ainda com meu sangue,
A arma do carrasco,
E o chão coberto de silêncio,
Com a certeza que já não viverei.
Travei tantas batalhas,
Lutei com inimigos cruéis.
Os destruí com enormes espadas,
Mas fui ferido com um pequeno punhal.
Nos meus últimos instantes,
De uma vida que talvez não fosse minha,
Imaginei que batalha era aquela,
Que até então não tinha nome.
O inimigo era minha covardia,
O punhal meu egoísmo,
O carrasco o meu medo,
As espadas, os sonhos que destruí,
O chão era a compreensão de poucos,
O silêncio a paciência dos que me amaram,
E a batalha...
Na verdade não descobri,
Porque não me dei tempo.
Jean Rocha