O Homo Robô
Eis o homem contemporâneo convertido em genuína máquina.
Reproduzindo frases e gestos programados, perdera há muito a espontaneidade.
É certo que este ainda continua sendo de carne e osso, entretanto,
o Homo Sapiens deu lugar ao Homo Robô.
O homem vive a idealizar um computador mais humanizado
capaz de interpretar as mais diversas reações humanas.
Mas como realizar tal proeza uma vez que o próprio vive
a ignorar seus sentimentos deixando assim de atender às suas necessidades primordiais?
O homem já não se alimenta, apenas se entope de matéria industrializada.
O homem já não descansa, apenas impõe-se um sono induzido.
O homem não ama e contenta-se em manter relacionamentos padronizados,
pois estes não irão forçá-lo a abandonar seu automatismo.
Amar é trabalhoso e cheio de imprevistos.
Dessa maneira o indivíduo está a preferir as comunidades virtuais, porque se alguém ali lhe trouxer alguma dificuldade bastará deletá-lo.
O homem transformado em máquina só conhece um sentimento, o medo.
E o medo o torna agressivo, fugitivo, apreensivo, apegado e omisso.
Por isso o Homo Robô jamais se compromete de verdade.
Um robô é um mero escravo de um conjunto de diretrizes.
O poeta faz parte de uma cepa quase em extinção,
a dos pensadores livres e autênticos.