Sozinho
Não é à toa que mesmo acompanhado a gente se sinta sozinho. Mesmo no meio de um mundo de gente nada é suficiente. Podemos sim ter a sensação de que estamos cercados de amigos ou até mesmo de estranhos, mas no fundo, no fundo a gente sabe: sempre estaremos sozinhos.
Não vejo um meio de evitar isso. Talvez não existam meios. De que vale afinal ter alguém ou estar com alguém? Por que nos importamos tanto com isso? Talvez apenas – inutilmente – tentemos preencher essa solidão que já nos vêm embutida. Talvez essa nossa mania de não desistir – mesmo quando já estamos “desitidos” – nunca de lutar contra aquilo que nos impede de ser feliz. Talvez – infelizmente – sejamos tolos demais para aceitar a nossa solidão.
Já ouvi muita gente se gabar de não precisar de ninguém ou mesmo dizer que prefere estar sozinha na maior parte do dia – ou ele todo. A “verdade” é que ninguém gosta ou quer estar sozinho. Ao menos é o que parece muito ser a “verdade”. Ao menos eu sei que não gosto de estar sozinho. Mas quando eu encaro a realidade, a triste e dura realidade, me dou conta de como estou sozinho. Como agora, a escrever. E não importa o quanto eu queira estar com alguém ou que alguém esteja em algum lugar querendo falar ou estar comigo, sempre estarei sozinho. E você também. Duro, mas é um fato.
Posso estar com a pessoa amada, nesse exato segundo, mas se olhar para o meu profundo e inóspito interior, “ver-me-ei” sozinho, solitário, unitário. Posso estar sendo abraçado, beijado, requisitado e tomado de atenções, mas nem mesmo assim deixarei de estar sozinho. Nascemos sozinhos e morreremos sozinhos.
Meu intento não é desabafar um mórbido e melancólico texto, por mais triste que este lhes pareça, não é essa a minha vontade. Quem sou? Não tenho ainda a menor ideia. De onde vim? Tão pouco também o sei. Pra onde vou? Olha, se nem ao menos sei para onde vou amanhã, quanto mais depois da morte. Como ia dizendo, não estou a me lamentar. Isso é uma mera reflexão – venho precisando de uma há tempos. Refletir sobre a solidão interior até que não é tão duro quando não estamos tomados por um desespero de se sentir sozinho. Sinto-me confortável a escrever sobre isso. Acostumei-me a isso? Não me toquei ainda de uma esperada dor? De fato não sei. Sei que, agora, não está doendo.
O que posso eu dizer sobre a solidão? Bom, além do fato de morar “sozinho” e raramente estar na companhia de alguém além de mim, tenho sempre a sensação de que nada mudará o fator solidão. Creio que a solidão seja uma constante. Como uma lei natural da vida. Acredito que se compreendêssemos esse fator e o aceitássemos, viveríamos em menor dificuldade e melhor harmonia. Não é tão ruim assim estar só. O que nos faz temer tanto a solidão é o fato de termos que estar acompanhados única e exclusivamente de nós mesmos. Será então que somos tão agradáveis como pensamos? (reflitam sobre isso)
Se tenho que aceitar que sempre estarei sozinho o melhor que tenho a fazer é tirar um bom proveito disso. Como? ... (realmente não estou sendo bom com respostas) Espero que eu consiga acostumar comigo mesmo e me sirva de companhia até o fim da vida. Tá aí, nunca estaremos sozinhos, sempre teremos a nossa própria companhia. Desagradável ou não, é o que nos resta.