Sobre a escrita e a leitura
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“O livro ideal seria aquele em que todas as páginas fossem espelhos: reflectem-me a mim e ao leitor, até nenhum de nós saber qual dos dois somos.” António Lobo Antunes
A citação acima se encontra no livro Coisas da Vida, retirada da crônica Receita para me lerem onde o autor tenta explicar ao leitor o que escreve. Sempre penso que tudo o que é escrito é realmente um espelho, tanto de quem escreve quanto de quem lê, o que muda é o que os olhos veem – nunca a mesma coisa.
Quem escreve, por mais que disfarce, por mais que invente fatos, deixa no escrito a marca do que é – se não pela veracidade das palavras, pela simbologia que utiliza para mostrar e esconder. Quem lê, por sua vez, além de ler o que está escrito, lê também o reflexo de si mesmo naquilo que está escrito. Para mim, porém não existe fusão entre autor e leitor, porque o que um escreve não é o que o outro lê. Existe sim, para ambos, através do escrito/lido a imensa oportunidade de desenvolver a própria individualidade através do autoconhecimento.
De tudo isso o que se torna cada vez mais claro para mim é que as duas atividades, escrever e ler, são bênçãos que recebemos dádivas que não podem ser desperdiçadas.
É evidente que esse ler e esse escrever sobre os quais faço referência, não são o ler e o escrever comuns, direito de todos os seres humanos, mas ainda negado para uma grande parte da população. É até absurdo imaginar que possa existir ainda gente que não saiba ler e escrever como parte das armas necessárias para se ter melhor qualidade de vida. É absurdo, mas verdadeiro. O ler/escrever a que me refiro é a leitura/escrita criativa, prazerosa, a que busca trazer de dento de cada um de nós, nossas maiores riquezas.
Por que afirmo que o escrito não é o lido?
Uma atividade interessante nesse site não é só ler o texto postado. É ler o texto e os comentários sobre o texto. Só de lermos os comentários aos meus textos já fica bem claro para mim – o que escrevi não é o que as pessoas leram. Comentários que faço algumas vezes são compreendidos de forma completamente diferente daquilo que quis comentar. O que significa que li algo que o autor não escreveu.
Já aprendi que não preciso e nem devo explicar o que escrevi, nem me irritar com certos comentários - é apenas uma questão de compreender que o espelho é multifacetado.
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“O livro ideal seria aquele em que todas as páginas fossem espelhos: reflectem-me a mim e ao leitor, até nenhum de nós saber qual dos dois somos.” António Lobo Antunes
A citação acima se encontra no livro Coisas da Vida, retirada da crônica Receita para me lerem onde o autor tenta explicar ao leitor o que escreve. Sempre penso que tudo o que é escrito é realmente um espelho, tanto de quem escreve quanto de quem lê, o que muda é o que os olhos veem – nunca a mesma coisa.
Quem escreve, por mais que disfarce, por mais que invente fatos, deixa no escrito a marca do que é – se não pela veracidade das palavras, pela simbologia que utiliza para mostrar e esconder. Quem lê, por sua vez, além de ler o que está escrito, lê também o reflexo de si mesmo naquilo que está escrito. Para mim, porém não existe fusão entre autor e leitor, porque o que um escreve não é o que o outro lê. Existe sim, para ambos, através do escrito/lido a imensa oportunidade de desenvolver a própria individualidade através do autoconhecimento.
De tudo isso o que se torna cada vez mais claro para mim é que as duas atividades, escrever e ler, são bênçãos que recebemos dádivas que não podem ser desperdiçadas.
É evidente que esse ler e esse escrever sobre os quais faço referência, não são o ler e o escrever comuns, direito de todos os seres humanos, mas ainda negado para uma grande parte da população. É até absurdo imaginar que possa existir ainda gente que não saiba ler e escrever como parte das armas necessárias para se ter melhor qualidade de vida. É absurdo, mas verdadeiro. O ler/escrever a que me refiro é a leitura/escrita criativa, prazerosa, a que busca trazer de dento de cada um de nós, nossas maiores riquezas.
Por que afirmo que o escrito não é o lido?
Uma atividade interessante nesse site não é só ler o texto postado. É ler o texto e os comentários sobre o texto. Só de lermos os comentários aos meus textos já fica bem claro para mim – o que escrevi não é o que as pessoas leram. Comentários que faço algumas vezes são compreendidos de forma completamente diferente daquilo que quis comentar. O que significa que li algo que o autor não escreveu.
Já aprendi que não preciso e nem devo explicar o que escrevi, nem me irritar com certos comentários - é apenas uma questão de compreender que o espelho é multifacetado.