Sopro
Elas me calaram.
Me tiraram tudo o que me fazia não ter nada.
Cruéis palavras.
Perdi a hora compromissada.
Entre o ponto final e o início do parágrafo.
No sono de mentes molhadas.
No suspiro da mudança de estação.
No rigor de peles flácidas.
Chego a sentir a chuva não ser convidada.
O paladar da maciez áspera.
A injustiça da derrota merecida.
A ouvir o som da pétala cantada.
O estalar do toque sentido.
O andar do momento digitado.
Queria tê-lo aos meus braços e falar da lua que desceu homenageada, dos cílios inertes às baladas e do tempo que crucificou o sobreposto.
Saber do brilho da estrela contemplada, do engano nas cartas marcadas e do batimento das folhas encostadas.
Fugir do músculo retirado das pedras amolecidas, envelhecidas.
Resgatar o oxigênio dos sofás abandonados.
Permutar mercadorias visivelmente criadas por magia.
Mas sofro movimentos de porcelana.
Sigo receitas emborrachadas.
Afasto mechas de visão embaçada.
Respiro a dor de gotas mal cuidadas.
Perdi o enlace dos desavisados
E agora sinto o peito amordaçado.
E meus braços rejeitados.