ROMANTISMO HIPÓCRITA

Pergunte a qualquer moça solteira o que ela espera em um homem e com certeza você ouvirá na resposta entre ser rico (rssrs) e ter abdomen de "tanquinho", que o futuro pretendente deve ser ROMÂNTICO.

Venho aqui através deste singelo desabafo esclarecer para a humanidade, principalmente a fatia "masculina", de que tudo isso, tirando o dinheiro, é conversa mole!

Ao assistir as novelas globais, as mocinhas suspiram ao ver os mecânicos, jornalistas, vededores e sei lá mais o quê desfilarem com seus músculos abdominais sobressalentes e anseiam aquela imagem como ideal para seu futuro. Não sei aí onde você reside, meu querido leitor, mas aqui na minha pequena cidade vejo dezenas de mocinhas, antes suspirantes pelos galãs cariocas, agora passeando para cima e para baixo embarcadas em carrinhos lindos e possantes, porém pilotados por barrigudinhos que em nada lembram os protagonistas do horário nobre, será um desvio de conduta? Uma mortificação de sonhos regados com contos de fadas novelísticos?

Outro fator relevante (ou nem tanto) na escolha do príncipe encantado é o romantismo. Aqui entra minha revolta pessoal, pois freqüentemente arrisco deslizar minha caneta ou meus dedos em versos e rimas.

Primeiramente, vamos tentar entender o que é um homem romântico. Um espanhol, cheio de sotaque, dançando tango com uma rosa entre os dentes e incrivelmente chamado Juan no vêm a mente quando buscamos em nossos arquivos mentais a imagem de um romântico. "Não precisa tanto", dizem elas, "gostaríamos apenas que nos repeitassem como criaturas frágeis que somos, que nos mandassem flores ou que nos escrevessem uma poesia", insistem elas com uma carinha de sonhadoras.

Pois bem, mande flores meu querido leitor e receberá um obrigado, que pode ser traduzido por "se fosse um sapato não murcharia em uma semana"! Escreva poemas e se ela enteder, é capaz de achar você delicado demais. Mas que c$#%*@$! Queria ver alguém chamar Fernando Pessoa ou Drummond de delicado demais por escrever poesias!

Enfim, chega um momento em que vemos todas as garotas perfeitas, que sonham com seus d. Juans dançarinos de tango ou com garçons bombados das novelas das nove, vivendo suas vidinhas ao lado de trogloditas que nem sequer sabem o que é um soneto, e suas barriguinhas não passam de um avantajado reservatório de cerveja. Como isso acontece? Como morre o sentimentalismo poético da paixão? Sinto muito, querido amigo, mas não tenho estas respostas, simplesmente escolhi viver com meus quartetos e tercetos de rimas não tão perfeitas, esperando e torcendo para encontrar uma falha neste romantismo hipócrita que nos assola, tentando endurecer os corações poéticos desta extinta raça que sente mesmo que sofra, e rima mesmo que morra!

Michel Ribas

@michelribas