Monstro

Eu tento entrever por entre os seus cabelos para saber se, afinal, você é humana. E tento, arduamente, ser aquilo que você deseja altivamente eu seja. Mas tudo o que eu posso dizer é que, procuro por um caminho aonde pretendo seguir.

Impregno-me com o teu cheiro vil e não consigo enxergar mais além daquilo que os meus sentidos deixam-me sentir, porque é tão difícil ver por entre as linhas que a alma humana? Quais são as cruéis dimensões que me impossibilitam consertar completamente aquilo que foi feito de maneira errônea?

Não existe mais o algo, somente o porém. Uma não declarada guerra entre os momentos e, no qual, não teremos como explicar o porquê, porque nunca temos todas as respostas sobre aquilo que sentimos. E, mesmo que tivéssemos, complicaríamos tudo de uma forma tão extasiante que não teríamos como voltar atrás.

Raro momento que eu fico a pensar no vagar das emoções, que entram em conluio comigo mesmo, das formas completamente erradas do que: “Como eu agi”, “de como errei”, “do que eu sou”, “do que pretendo ser”, e das maneiras acertadas que, estipulo eu, não são completamente acertadas.

Mas não são estas perguntas, ou pensamentos, que nos fazem seguir em frente? Mas a que preço? Que preço devemos pagar para seguir em frente? A quem devemos realmente magoar para que nos desenvolvamos emocional e intelectualmente? Quais são as almas que devemos extirpar de nosso convívio, da nossa presença e que, sabendo ou não, jamais serão as mesmas?

Palavras tem poder, mas ações são palavras não faladas ou escritas. São duras como aço e pesadas como a gravidade. E tudo o que importa são as ações do dia a dia e, desta maneira, a reação para com as pessoas diante delas.

Eu pego um preço alto demais por ser aquilo que eu sou, por não dosar bem o que eu faço, ou deixo de fazer, um preço da completa incompreensão por parte daqueles ao meu redor, da falta de retorno sentimento por parte de outros, até a devoção completa por parte de alguns mais... o que eu sou? Além de um monstro?

Um monstro que observa a humanidade e estuda como os humanos agem diante diversas situações. De como que cada ação existe uma reação, seja ela de forma física ou psicológica e de que certa forma, você cria tais momentos, direta ou indiretamente? Será que a minha capacidade de ouvir, escutar, de me ater aos detalhes é a minha arma de destruição em massa?

O que me torna um monstro? Ou um pensamento parecido a isso? A noção do que eu faço, da minha capacidade argumentativa e intuitiva de usar isto a meu favor. Um trabalho feito com zelo e tato e, que no final das contas, se faz capaz de mostrar o devido resultado. Mas quão sem número de seres humanos, tais como eu, não existem por aí?

Será que sou somente isso? Um monstro renegado a destruição? Foi a isso que eu fui feito? Ou alguém que está apenas tentando achar o seu caminho nesta estrada a caminho da perdição?