Comigo

A similaridade com sentimentos doloridos da memória de algumas décadas vividas talvez tragam a impressão de que a força ora empregada é ainda maior.

A impressão de que quanto mais sincero e frágil é o momento, a palavra que traz banalidade é pronunciada com ainda mais fervor e ainda mais ferimentos

Em dualidade parece que vivo mesmo um momento esquisito. De introspecção e solidão, a preferida e a por não ter saída.

Confesso que nem sinto vontade de ouvir

Muito menos de proferir

Confesso que não há muita disposição para debater

Confesso uma certa preguiça

E uma tentativa consciente de proteção

Ou de evitar repetições doloridas

Ando preferindo me isolar com todo prazer

Ando demonstrando tudo isso sem querer

Comandando uma tendência confortável de ficar se não for notada

Ou contestada

Ou se me for permitido ter liberdade pra sentir

Sentir sem necessariamente consentir

Sem impreterivelmente me ver agredir

Confesso que não vislumbrei essa realidade chegando aqui

Imitando situações que achava ultrapassadas

Ando constatando que não é esse meu melhor momento

Mas confesso que estar só comigo pra mim nunca foi um tormento

Que aprendi a desfrutar certo confinamento

E que isso me faz crescer também

Ainda bem.