QUE FAÇO COM QUATRO MÃOS...

Pouco, muito pouco faço se a única fosse eu a tê-las.

sou de Blake, a inspiração para seu Grande Dragão Vermelho

de Homero, o prazer estético e ensinamento moral

Shakespeare, me veste de longo e me põe fitas nos cabelos

Cervantes, me aceita e me leva em sua jornada

Poe, me transforma em assombração

Drummond, deixa uma pedra no meu caminho

Pessoa, me nomeia ridícula

Bilac, me desenha uma bandeira

Camões, bucolicamente me satiriza

Vinícius, me chama de mulher amada

Gonçalves Dias me diz Ainda uma vez... Adeus.

eu, pouco, muito pouco faço com quatro mãos

se sou a única a tê-las viro handicapped

deficiente, aleijão, matéria de pesquisa, atração.

©Soaroir Maria de Campos – Nov.19/2006