Prisão

Estou onde nem eu sei, fugi com as minhas palavras e me aprisionei nos olhos dos cegos e mudos.

O que eram palavras viraram gestos e através das mímicas tento fazer com que me encontrem, mas ninguém... ninguém parece compreender os olhos que não enxergam e as bocas que não pronunciam palavras.

O sentido do que se escreve ou se fala não se mede, nem se entende, mas se sente... e muitos, muitos já não sentem o que sentiam ao lerem o que eu escrevia (eu sou uma, desses muitos citados).

Perdi o sentido, a escrita, as rimas e as frases, estou tão vazia de mim mesma que a única rosa que tenho em meu jardim me machuca quase sempre com seus espinhos...

Não me perdi no mundo de falsas verdades, mas nas verdades falsas dos que amo e amei, pois todos me consumiram até o ultimo suspiro e as ultimas palavras. Fizeram com que eu perdesse o tom e deixasse de ser a guerreira da história antiga e me tornasse a louca que vaga insanamente no mundo.

Não sou um pássaro sem saber voar, mas a fênix que ainda não ressurgiu das cinzas... pois o fogo levou muito do que eu era para que eu compreendesse que o tempo não morre, mesmo que este seja o nosso desejo...

Internamente ainda sou a feiticeira que encanta, a bruxa que seduz e tenho o brilho da lua presa aos meus olhos... os mesmos que clamam para que eu seja amada e adorada e que cada ser que o fite veja que existe um além do que se pode imaginar.

Preciso de ajuda para libertar-me... e jogar na vida minhas palavras que os ventos perderam, pois os rabiscos e os rascunhos tem tido mais poder do que o aceitável e eu... eu tenho sido mais exigente e mais relapsa, relapsa com a vida... exigente de mim.

E presa continuo nos olhos dos cegos e mudos... lágrimas que falam e não são ouvidas, sorrisos que declaram e não são compreendidos... pois ninguém, ninguém escuta o grito do silêncio e a voz dos mudos.

Demorarei a me levantar, pois me falta, me faltam...

Palavras...