PRESA ABATIDA
De todas as prisões, a pior, em mim mesma, frustrando minha natureza em dias iguais, sem perspectivas. E o que me descreve não são as entrelinhas das palavras ou a discrepância de nulos sentidos, mas o silêncio adormecido em minha alma que chora pela libertação que não veio. Mesmo agora, depois de minhas esperas eternas e estadas precárias no estado maior de uma felicidade que desconheço. Seria essa a solidão que mereço, num tanto que de nada serve? Estaria assim condenada a minha verve, aos passos que jamais darei? Sou tão pequena diante do que não sei que o que sei já não é nem pouco. É o abstrato que se manifesta num viver que me isola. E fadada a viver dessa esmola, de saber-me sem ter o que vim buscar, em minha prisão adormeço o sonho e a fantasia, morrendo na longa agonia de quem não quer mais se encontrar...