DILEMAS
Meu instinto é pior
Que um tombo de um coiote em fuga
Meu coração gela, fica inerte
Não consigo mover as pernas
Mas o raciocínio me leva para as ondas do mar
Este asfalto que percorre por mundo afora
Cortando corações
Fazendo jorrar bolhas de sangue artificial
O pulso que agora é cortado
Não te fará um herói
E sim um consciente vital
Que ao menos soube respeitar
Mas tinha na mente a idéia de um velho índio
Que por mais velho
Mais jovem ficava seu raciocínio
Não me diga como andar por ruas
Como falar coisas certas
Pois se não aprender de tua boca
O mundo me ensinará da forma mais dura que existe
O fato de não enxergar e o que dizer
Não é o fato de ser burro
O fato de ser burro é não entender
Suas descobertas que muitos cobrem
Evidências sobre minhas asas
Faz-me acreditar que conseguirei voar pelo oceano
Enxergar os golfinhos
Sentir o vento soprar em sentido contrário só para me rebater
Se tivesse uma vara de condão seria um bruxo
Mas como não tenho só me resta ter fé
Foi uma grande luta
Porem sem arqui-rival
Este poema que nunca recito
Que nunca escrevi é feito pra ti
Pois é tudo que merece
Sinto falta, mas ainda não merece meu perdão.
Mas será que sinto falta mesmo
Minha lágrima gotejando nesta terra seca
As balas que entram no meu corpo
Cortam minha carne
Quebram meus ossos
Perfuram o único pulmão
Que tenho para respirar essa poluição
Sangra meu coração, mas, porém é assim
Um dia andando e outro se rastejando
Sei que não é certo, mas os animais também sofrem
São apenas línguas diferentes
O convívio entre o céu e as estrelas
É como respirar e inspirar
A grande orgia do mundo não está dentro de nós
Não está em lugar algum
Ou talvez sejam ilusões minhas
O grande pássaro este tal falcão veio te buscar
Com garras enormes te aperta sem sentir pena
Seus últimos respiros são cada vez mais fortes
E assim prossegue o cotidiano
Como se mais nada tivesse acontecido
Mas todos percebem que o mundo está se diluindo
O nosso fracasso chama-se preguiça
E quem é amigo do homem é o cão.
Elton