Quase tudo passa

O importante é saber que praticamente tudo passa, tudo acaba, às vezes até a mais sólida estrutura de problema vira pó e se perde nos caminhos do vento, existindo por consequência apenas poucos vestígios, e nada mais tão evidente...

E então até aquela saudade que nos parece tão presente quando a pessoa, ou o objetivo está longe, que se personifica em tremenda teimosia e insistência dentro de nós, simplesmente escapa aos poucos, e quando menos nos damos conta, a saudade que era, já não é mais, há em seu lugar somente um espaço vazio para ser preenchido com o que, ou quem virá, pessoas, ou oportunidades, que resolvam se mudar de mala e cuia para o lugar onde a nostálgica senhora residida.

E acomodam-se nesse espaço eternamente - na relatividade dos momentos e tempos tão vários- nos ajudando a formar uma vida que não mais haja tantas oportunidades para ceder atenção às lembranças, e sobram planos de um futuro bom que enfim ocupam as lacunas mal resolvidas das promessas não cumpridas, mesmo as promessas que fizemos a nós mesmos e desleixadamente pomo-las à margem dos nossos atos.

Quase tudo passa, enfim, a saudade é passageira também, e faz-nos uma visita em dias de pensamentos livres e tempos ociosos, e somos nós que decidimos se a deixamos entrar e a oferecemos casa, comida, e roupa lavada, ou se nem mesmo abrimo-lhes a porta.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 30/11/2010
Reeditado em 30/11/2010
Código do texto: T2644601