Pertinácia
imagem/google
Do interior crepúsculo tristonho
Deixam o pouso ocupantes medonhos
Roedores, vermes de berinjela
E o poeta (então) alavela
O desnutrido peito, estufa
As dúvidas ele arranca em tufos
E a carcaça (já) tão carcomida
Ele alimenta. Dá guarida...
Soaroir 5/9/10
1ª tentativa
se d volto
exercício para o mote de Marcos Lizardo:
ANÁLISE
Tão abstrata é ideia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente
E a ideia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, Dezembro/1911
(O Eu Profundo e os outros Eus)
imagem/google
Do interior crepúsculo tristonho
Deixam o pouso ocupantes medonhos
Roedores, vermes de berinjela
E o poeta (então) alavela
O desnutrido peito, estufa
As dúvidas ele arranca em tufos
E a carcaça (já) tão carcomida
Ele alimenta. Dá guarida...
Soaroir 5/9/10
1ª tentativa
se d volto
exercício para o mote de Marcos Lizardo:
ANÁLISE
Tão abstrata é ideia do teu ser
Que me vem de te olhar, que, ao entreter
Os meus olhos nos teus, perco-os de vista
E nada fica em meu olhar, e dista
Teu corpo do meu ver tão longemente
E a ideia do teu ser fica tão rente
Ao meu pensar olhar-te, e ao saber-me
Sabendo que tu és, que, só por ter-me
Consciente de ti, nem a mim sinto.
E assim, neste ignorar-me a ver-te, minto
A ilusão da sensação, e sonho,
Não te vendo, nem vendo, nem sabendo
Que te vejo, ou sequer que sou, risonho
Do interior crepúsculo tristonho
Em que sinto que sonho o que me sinto sendo.
Fernando Pessoa, Dezembro/1911
(O Eu Profundo e os outros Eus)