DO DITADOR.

Um ditador (confesso ou camuflado) se arroga no direito de exigir dos oprimidos (sobretudo os menos esclarecidos) três desejos: primeiro, adorá-lo numa espécie deprimente de santificação do seu nome. Segundo, que o seu mundo, não importa se tacanho, rasteiro, seja imposto como único modelo. Terceiro, que todos façam a sua vontade.

Confirmada a loucura, isto é, considerável número o “santifica”, implora por seu reinado e cumpre a risca sua vontade, um ditador ousa ainda mais: leva excluídos, miseráveis e alienados do sistema (não são poucos, infelizmente) a rogarem pela cesta básica humilhante, faz sentirem-se culpados por não reconhecerem a bondade celestial do mesmo (ditador) e que jamais cessem de pedir por sua falsa proteção. Dessa forma, tal infame tipo supõe ter atingido três louvores definitivos (supremo delírio): louvores ao reinozinho particular, louvores ao seu imenso poder e glórias eternas. Um ditador, em outras palavras, se imagina um deus.