Quando os pais vão para o céu
Em dezoito anos, ainda que pareça pouca idade, minha mente funciona e gira de forma estranha, fora do comum para pessoas da minha idade. Assim sendo, em dezoito anos ainda não consigo entender os porquês da morte, mas nesse tempo consegui estabelecer uma reação em relação a isso, não precisa se tornar normal, mas temos necessidade de nos acostumarmos com perdas. Logo me tenho ríspida, por vazes fria e insônita, por não saber reagir a determinadas sensações, em determinados momentos.
A idéia de morte desestabiliza pessoas, até a ficha cair, acontece todo um processo, que pode ser curto ou muito longo.
Minha opinião é que nos todos nós deveríamos ser preparados desde crianças para essas perdas duras, pois é algo que acontece, e não é possível evitar.
Tem aqueles que me acham fria, mas apenas me tornei tolerante quanto a esse assunto, tenho consciência de que uma hora a morte vai estar presente na vida de todos, não sejamos hipócritas, tentando afastar esse fato.
O que mais me intriga, é a reação, a forma que ainda não consegui definir; A angustia que eu não consigo expressar, o tentar imaginar como vai ser depois de não ter mais a pessoa presente. Como colocar pra fora um explosão de coisas que acontece em segundos, como analisar tudo que vai vir depois.
Mas vou lidando aos poucos, tentando me fazer mais humana, conseguindo chorar às vezes, ainda que conformada, mas a ausência ainda é o que mais incomoda, juntando tudo isso que falei acostumar-se com a ausência é o que mais me deixa aflita.
Por isso que acho que devemos nos preparar para as perda, por que infelizmente nada é infinito.