Kiss me, my blue moon.
mesmo que os pés insistissem em andar fielmente para frente, o coração era deixado lá atrás, em alguma curva da estrada torta. um coração roto.
um fardo a menos, ela pensava. o peito em chamas, onde nada havia para queimar. no ar até pairava um cinza meio pálido.
não haviam conseguido ver ela tremer, balbuciar, chorar e pedir água. nada disso acontecia.
"ela só (fazia) mesmo era chover."
as borboletas no estômago tão prometidas, não batiam uma asa sequer. ainda estavam num casulo e parecia que a metamorfose nunca chegaria.
queria era beijos por cada esquina na qual passava, tamanha era a carência disfarçada de solidão facultativa. queria que seu perfume fizesse multidões cair de joelhos, rastejando para poder toca-la.
os bares e as ruas mal iluminadas da madrugada faziam-na se sentir tão bem, tão livre, tão auto-suficiente. mas quando os raios do sorridente astro-rei perfuravam seu corpo jogado na grama e exalando álcool pela manhã, ela só queria o embalo da amada madrugada novamente, que embalaria seus melhores sonhos.
ela, que estava rodeada de pesadelos - acordada ou não.
foi até a lua, e pediu um beijo
o tal que ninguém havia dado até hoje. mas acabou virando mesmo foi lua de saturno.
nunca mais se ouviu dela por aqui, mas toda madrugada havia uma brisa com um perfume inexplicável, que endoidecia qualquer amante.
e mais de uma lua aparecia sobre o céu terrestre.