Ainda que pudesse

Ainda que pudesse parar de sentir frio e medo.

Ainda que pudesse não mais se importar.

E definitivamente parar com tanto sofrimento.

O amor move montanhas, e a dor também.

Ainda que pudesse olhar para trás e dizer adeus.

E silenciosamente desejar morrer ao viver se rastejando sob seus pés.

A menina por quem você não se importa mais.

Esta certamente implorando por um minuto da sua atenção.

Infelizmente você está alto demais para ouvir o que vem do chão.

Você pensa ser insubstituível,

Acredita verdadeiramente ser uma companhia agradável.

Pensa que as pessoas comentam sua chegada e lamentam sua partida.

Você acredita estar acima do bem e do mal

Esse foi o seu erro.

A realidade é cruel àqueles que voam acima de sí.

Mas qualquer caminho vale para quem não sabe aonde quer chegar.

E você seguiu o seu.

Ela entenderá que não se deve entregar o coração aos incapazes.

O tempo vai passar.

E um dia você fatalmente perceberá o quão inútil foi.

E cairá do pedestal a uma velocidade que o machucará,

Causando cicatrizes em seu coração.

E quando isso acontecer, aquela menina, insuportável e chorona, não estará a sua espera.

Você rapidamente descobrirá que havia encontrado a pessoa certa.

Mas aprenderá que, no começo, os opostos se atraem...

E depois de um tempo, se repelem.

Quem sabe assim, você reconheça o quão incapaz sempre foi

E aprende que beleza, depois dos 40, é traiçoeira e desprezível.

Mas você não terá os seus 20 anos.

E também não saberá o que hoje sabe.

E então você vai ansiar ter novamente 20 anos.

Para não cometer os erros que hoje lhe consomem.

Viverá em estado vegetativo.

Prisioneiro das próprias escolhas

Fatalidade!

A sua felicidade estava a sua frente, ao seu alcance.

E você a desprezou.

Mas isso aqui não vale de nada.

Você está ocupado demais para prestar atenção.

Paulo Valença
Enviado por Paulo Valença em 17/07/2010
Reeditado em 17/07/2010
Código do texto: T2382341