'Bonjour tristesse.'
com meu copo na mão, cheirando à alcool do mais puro, me sinto segurando as decepções do mundo, me sindo degustando as lágrimas caídas dos olhos dos sofridos morimbundos. de bar em bar pareço viajar de mundo em mundo. minha boca seca de tanto emudecer, eu umideço com água destilada que ao tocar meus lábios parece ferver. queria que me molhassem a boca com saliva cheia de vida.
meu palco iluminado era num canto de um boteco no fim da rua, os que ouviam meus uivos cantados e meus arranhos no violão sentiam-se amargurados como as cordas de aço, que pareciam chorar agonizadas. sozinha ando dentre noites errantes, querendo encontrar um lugar para pousar meus medos mais profundos e pavorosos. me econtro entre becos delirantes, tentando perfurar o vazio no qual me encontro, e chegar a algum ponto, a algo, algum encontro.
imagens traumatizantes vêm a minha mente toda noite, como um fantasma a assombrar. de dia amanheço bravejante, brilhante, a esperança me toma o peito, até me sinto uma criança a correr e pular. mas ao tardar, tristezas me pegam sem querer, me agarram pela canela ao raiar do crepúsculo cegante, e me fazem estremecer. à noite então, me sinto deslizar, nada parece em minha mente ou coração fixar, apenas pairar, rodar, matar.
quero que uma ventania me sacuda, me faça colocar os pensamentos em ordem, derrube e leve para longe essa dor que pesa em meu peito, que fere minha alma, que mastiga meus olhos até soltarem faíscas de gelo. parece que quero viver, e ventar. diante do ventre que abandonei, quero rasgar, e sair.
preciso me habituar ao vazio no qual me encontro, de onde vim e onde sempre estarei.