Será que adianta?
O verbo Adiantar frequentemente é usado como sinônimo de Validade. Só é válido se adiantar. Ex.: A Política adianta?
Freud foi contundente ao dizer que o ser humano é um ser econômico. Administramos nossas energias. Optamos pelos caminhos mais rápidos. Prezamos pelo que nos adianta algo, no sentido de apressar. Seja rápido tenho pressa. A mídia favorece ainda mais.
Vivemos com pressa, a sociedade da informação e dos espetáculo nos presenteia diariamente com o novo e com o bonito. Nos deixamos apelar. Os comerciais fazem seu papel: compramos hoje e descartamos amanhã.
Portando, se o produto nos serve, deve o fazer e satisfazer com rapidez. Senão, o trocamos, a publicidade ajuda na escolha. Mal assimilamos, mal pensamos, mal nos adaptamos e logo recomeçamos.
No entanto, nosso cérebro otimiza o reprocesso. Não precisamos pensar tanto, nem reelaboramos. Melhor, nos fragmentamos.
Precisamos ser muitos, afinal, as chamadas são muitas, os estímulos demasiados, os anúncios direcionados a várias personalidades. Precisamos sê-las, ou então, parecê-las. Só é possível, no entanto, ser uma.
Fragmentados em muitos, como coletivos, somos poucos. Cada vez mais individualistas. Os produtos, as informações, as pessoas por trás das informações vêm ligeiras e assim vão embora. Mostram-se, exibem seu mal e desaparecem, dão lugar a outras, que mostram-se, exibem seu mal e desaparecem.
Mal assimilamos, mal nos adaptamos, mal nos relacionamos. O mal... nós banalizamos (afinal, todo dia aparece, em flashs, é tudo natural: a miséria, a fome, o desamparo, o sofrimento...). Falta assunto. Somos muitos. Sabemos de tudo um pouco. Mas na totalidade, quase nada. Conversamos sobre o banal, corriqueiro, trivial. No final: "- chove?".
Mal sociabilizamos, mal pensamos, mal criticamos, nem nos afetamos.