Diálogo com Cristina Jordano

Dos sonhos vislumbrou-se as possessões do eterno. Da alma que vaga noites a fora, em busca da sua morada, fez-se a amante silente e terna. Dos sonhos vigís dos homens cegos fizeram-se as guerras e a desunião. Calou-se a boca. Secou a lágrima no rosto. Já não se fala... já não se chora. Restou o vazio da existência, triste e precária. O amor encoberto pelo manto da arrogância e da mentira. Resta a insofismável constatação da estreiteza do conhecimento humano. Da sua ridícula incapacidade de SER. Do seu imensurável desejo de ter. Da cegueira que se abate sobre os olhos já opacos da Verdade. Sorri a serpente ligeira e veloz da vaidade. E do desejo tão fugaz da vida humana restaram somente a angústia e o desamor, agora deitados em nossas camas. Paira a platéia sobre o "non sense" dos atores. Parasitas a lograrem a vida alheia. Não têm nada de seu. Não têm rosto, não têm verve, não têm Alma, não têm nada. Corpos sem vida a vagar pelos caminhos. A usurpar do pão alheio... beber seu vinho. Caiporas abstraídas do imaginário a plasmarem-se em seres que nunca serão. A vida humana é sopro que num átimo se decompõe. È fina erva plantada em meio à erva daninha das ilusões. Sonha o homem com o espaço, velhos planetas, novas conquistas..Esquece-se, no entanto, de explorar o que lhe vai no intimo. Homem, a ciência empobrece a tua alma. Cristina, tuas palavras são pérolas jogadas aos porcos. Das tuas palavras, amiga minha, procurou se fazer a compreensão do indizível.