Desabafo
Pensava não ser virgem.
9 anos e lá estava eu, tirando água da cisterna e colocando no tanque do banheiro.
Que delícia seria aquele banho!
Eu teria que estar bem cheirosa, a irmã Lourdes estava para chegar da capital.
A alegria era tanta, que no sobe e desce das degraus molhados, escorreguei e blau...!cai de pernas abertas.
Gritei tanto, tanto.
Quanto sangue, Jesus!
Correram em meu socorro, mas tive vergonha de mostrar o ferimento.
E assim cresci...o trauma sempre presente.
Ser virgem, essa era a questão.
O medo. Casar?! Nunca.
Como falar, era difícil.
Maldita escada!
Por tudo isso, perdi muitas oportunidades.
Perdi amores que poderiam ter me feito a mulher mais feliz do mundo.
O desejo de ser mão crescia.
Apareceu um jovem rapaz.
E eu, trêmula e assustada, narrei a triste e infantil história, que até hoje me atormenta.
Ele, atento, me ouviu.
Casamos e lá estava minha virgindade, bem virgem.
Nenhum homem havia me tocado.
Meu primeiro contato íntimo foi com aquela escada horrível, de degraus fortes e de forma inclinada.
Tenho trauma de escadas e não gosto de ginecologistas.
Pensava ter um grande tumor, por que sentia dor.
Sentindo a vida passar, crescia a necessidade de contar tudo para o mundo ouvir.
Cuidado com as nossas crianças.
Evitem transtornos futuros.