Valorização da vida

Porque atropelar a própria existência,

no corre-corre afoito que nada de útil constrói,

vendo as peles do tempo enrugarem o chão calejado

enquanto pensamentos empurram os segundos do tempo,

numa corrida enceguecida,

esvaindo pedaços do curso que só será bom se completo,

preservando estímulos e chances?

Sendo a vida herança amorosa divina caída dos céus,

peca todo aquele que desperdiçar suas gotas sagradas,

posando de inerte incompetente expectador displicente!

Minutos perdidos juntados são um dia a menos

para juntar fotos que o tempo amarela

e sanar vaidades vãs de castelos de areia...

que haja um dia a menos num calendário de cobranças

descompensadas, castrando chances de entrosamento.

As horas passarão. Ainda que não contadas ou vividas,

sementes serão abortadas intempestiva e criminosamente,

enquanto pessoas olharem o tempo passar, simplesmente!

Não é a tua missão empurrar o tempo friamente,

como fosse ele o carrasco a quem imputar tua obrigação,

tentando atenuar tua própria incompetência,

simulando cegueira, para não veres a própria autoria desastrosa!

Se o tempo urge, não titubeia, tão pouco pára ou retrocede;

e se tua fragilidade fatal te limita à curta existência,

ainda resta o tributo pensante e transformador,

em prol de um amadurecimento feliz, sincronizando teus passos lerdos ao fuso horário veloz do mundo,

para não padeças tristinfinitamente por anseios perdidos,

abraços desencontrados, nas esquecidas na curva do tempo!

Mais um dia para que, então?

Que tal mudares a concepção de infinito para um minuto e

reformular silogismo, pois um minuto vale uma vida?

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Sants-SP-15/07/2006

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 15/07/2006
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