Se alguém perguntar por mim...

Se alguém perguntar por mim

Diga que abri as comportas do pranto silencioso

Que a ventania da angústia perdura em mim

Que aguardo a mão insofreável do tempo

Apagando o rosto da dor que me consome

Que meu coração agora é terra nua

Aonde o amor não chega

Que o brilho que existe em mim não quer construir estradas

Que não insisto mais em nomes

Que meus poemas ficarão cheios de palavras mudas

Que as pedras estão pesadas

Que o céu está vazio demais em mim para arrancar um sorriso

Que minhas metáforas estão impregnadas de tristeza

E que por isso se faz necessário calar

Diga que estou a orar a Deus

Sonhando com o apaziguamento integral dos sentidos...