Terra de cego
Em terra de cego, quem tem um olho é rei - ou prefeito, presidente da câmara, secretário de pasta...
Em terra de cego, uma aberração com dois olhos tem de chegar devagarinho: há esfinges caolhas em quantidade proporcional a incompetência, preguiça, descaso e vaidade reinantes, e são verdadeiras guardiãs da moral e dos bons costumes.
Prevenido é quem vem com tapa-olho ou mascarado como vaca - nada como se adequar às circunstâncias! (Mas há o problema das circunstâncias, em terra de cego: nada é circunstancial, e, aparentemente, nada muda, nada se transforma, nada se aproveita.)
Em terra de cego, quem tem a terceira visão vai queimado como bruxo na fogueira da hipocrisia.