Todas as pessoas do mundo
Eu sou metade meu pai, metade minha mãe. Meus pais, por sua vez, são metades de seus pais. E assim os pais deles, e assim por diante. Em mim vivem meus pais, avós, bisavós, tataravós, e todos os meus antepassados. Milhares e milhares de pessoas, que continuam a viver através de mim: foram eles camponeses, senhores, escravos, nobres, plebeus, tecelões, navegadores, sacerdotes, pastores, bárbaros de várias partes do mundo, por toda a história, desde o início da raça humana. Eu também, através de meus descendentes, pelo mundo, pelas eras, permanecerei vivo.
Ao mesmo tempo, o oxigênio, o carbono, o hidrogênio, e todos os demais elementos químicos que formam minhas células, estavam já incorporando outros corpos pela natureza afora antes de eu existir, desde o começo dos tempos. Desta forma, compartilho não só com as outras pessoas do mundo os genes de nossos antepassados em comum como também compartilho os átomos (e suas partículas) de pessoas que nem fizeram parte de minha história.
Um passo a frente me leva a entender ainda que compartilho em mim átomos que compuseram animais, plantas, rochas, mares... E quando eu morrer, estes átomos retornarão para a natureza, compondo outros corpos, outras substâncias, outros fenômenos. Em outras palavras, a natureza, desde seu início, está em mim, e eu estarei, de certa forma, por toda a natureza. Essa é a natureza do que é vivo e do que não é. Assim sou eu e todas as pessoas do mundo. Estamos aqui por toda a eternidade.