AOS AMANTES DO SABER, DEDICO
Manifestado interesse pelas coisas abstratas, se diz ser o filósofo a consciência culpada da humanidade.
Como pode ser se ao filósofo se negam ouvidos, e às costas acusações foram feitas e, em épocas prósteras, condenou-se, sentenciando-se a morte aquele e outros tempos depois.
E os que se propõe a escutá-lo, taxados de loucos serão como eram os estudiosos dos mistérios da natureza. E a lua no seu firmamento e inerte aos olhos humanos, assim como outros astros, tornara-se personagem das palestras pelas praças.
E para não parecer enfadonho o que se propõe nesses pensamentos, fruto apenas da curiosidade e tentativa de torná-lo público, entrego, correndo os riscos da crítica e do elogio, aos senhores. Pois, sabendo e consciente que das observações feitas, nada do que se disse teve a pretensão da tese, e se assim fosse, não seria dado o direito da verdade absoluta e, como um castelo de areia atingido pela onda, não se sustentaria frente o primeiro embate.
Nesse sentido, pode-se afirmar que ao filósofo nada mais interessa senão em aprender e aprender sucessivamente. E imbuído dessa certeza, fazem da curiosidade a ferramenta para seu ofício. Por isso, àqueles que fundaram a filosofia, nos resta prestar nossas considerações e até hoje, se se olhar ao lado e soltar o interesse pelas questões filosóficas veremos olhares admirados, para não falar de reprovação. Assim, pode-se falar que entre os “normais” ele não se encaixava.
Melhor assim. Ser normal exige padronizar, sedimentar, tornar estático, ser inalterado. E ao que se dedica em apreender, nada mais nocivo e mortal que estar, feito barco ancorado, a mercê das ondas sem relacionar-se e fica só no maio da multidão.
E como o discurso em demasia cansa até aos mais interessados, o missivista, sem a complacência e conveniência dos bajuladores, como nos tempos dos reinos absolutos, se desculpa e agradece pela a atenção dispensada.
Assim, dito de forma mais direta, o filósofo torna-se um ser estranho aos olhos da maioria e essa, cega feito criança numa fábrica de brinquedos, e sem saber qual pegar primeiro, não alcança nenhum e fica de mãos vazias.
É isso.