Um Ano Qualquer, Dias Ruins
Dá vontade de sair correndo. Deixar tudo pra trás. Desamor, saudade, raiva, apego, esperança, até mesmo o amor. Queria-os longe de mim, o mais distante possível, porque sei que não nasci para sentir. Porque cada vez que sinto, meu coração titubeia, sufoca, arde. Por isso não desejo mais sentir nada.
Se possível levarei comigo apenas a indiferença. Sim. A indiferença.
Mas não me julgue mal, eu não sou assim tão ruim, gosto de admirar belas paisagens, e me alegro porque a vida é maravilhosa. Sim. Maravilhosa, mas para os outros, não para mim.
Para mim fizeram reservas dos piores sentimentos, das piores situações, das mais horríveis noites passadas em claro, porque a insônia não me deixa pregar os olhos, porque minha cabeça não para, não dorme.
Intimamente, desejo sumir, mas não quero desaparecer.
Dentro de mim, tudo ganha vida, até mesmo aquilo que não vale a pena, coisas que só me destroem, mas eu faço mesmo assim, mesmo sabedor dos problemas, eu continuo errando, só pra ‘contrariar’, porque meus sentimentos já são a aversão do normal, tudo que sinto é intensidade pura, energia de sobra, tudo é sempre o impossível, e o nada não me interessa.
Vejo pessoas reclamando, mas eu escrevo, e guardo minhas críticas dentro do meu peito, ninguém entende mesmo. As vezes o pouco que você tem, é tudo pra mim.