Aquela mão humana
Você disse assim:
"Essas vontades que vêm à tona em ocasiões específicas como essas são estranhas porque me deixam confuso. Na verdade, essas vontades são a realidade que eu tento vestir com uma mortalha realista ou não? E se for ao contrário? Se eu estiver desesperadamente fugindo dessa mesma realidade ilustrando-a com uma mortalha inexistente? Ou melhor, uma mortalha falha e rasgada, bem rasgada?"
E eu te digo:
Para amar, meu elegantíssimo, como nos livros e filmes, só mesmo nos livros e filmes. E a vida não é filme, não é mesmo. Não tem nenhum Edward(?) e Bella na real, pois assim como Romeu e Julieta caso ficassem adultos e fossem enfrentar juntos os problemas da vida as coisas não seriam mais assim tão românticas. Em Hollywood é tudo muito rápido, e o amor de verdade a gente constrói de pedaço em pedaço, com um esforço danado, vencendo aos poucos o "não" e realizando o "sim". Na real a gente vive as pequenas alegrias e pequenas misérias, as dores todas, todos os defeitos e também as alegrias, as pequenas realizações de duas pessoas - dois seres humanos - não importando cor, raça, credo, situação econômica, idade, nacionalidade...apenas duas pessoas que resolveram se entender, contratar uma vida e fazer o melhor possível, dentro do pouco possível que é bem humano.
Tá, pode não ter o glamour de Hollywood, mas tem o pequeno gesto (como um beijinho), tem a pequena força ("você consegue!"), tem o calor do corpo sob o lençol, tem as pequenas cumplicidades e surpresas...e é disso que a gente vai lembrar depois, porque nenhum anel de brilhante ou serenata com a filarmônica pode trazer maior consolo que aquela mão humana que nos impede de cair antes de chegar ao chão.
bjus