Indiferente às diferenças

A menos que se tenha um clone, é praticamente impossível encontrarmos alguém que pense exatamente como nós mesmos. Todos nós somos produtos de nosso ambiente e nossas experiências. Diferenças de origem étnica, educacional, financeira e religiosa produzem diferenças no modo como lidamos com a vida, as pessoas e o meio.

Portanto, as diferenças surgem a cada instante e é inevitável que surjam divergências de opinião. Mas essas diferenças não implicam necessariamente em que uma pessoa esteja certa e a outra errada, ou que um modo de fazer as coisas seja melhor que o outro.

É necessário que as pessoas entendam que a sua realidade é verdadeira para si e que a realidade do outro é igualmente verdadeira para ele. Não existe uma verdade única e insofismável.

Não somos donos da verdade, mas quando esquecemos disso, passamos a acreditar que a única verdade é a nossa e que as dos demais são "opiniões equivocadas" ou inverdades.

Quando uma ou as duas partes não aceitam as diferenças de percepção e reação ao meio, surgem as relações problemáticas, nas quais cada um passa a defender o seu ponto de vista e colocar-se na defensiva quanto ao outro.

Mas não são propriamente as diferenças que tornam a relação impossível, e sim a incapacidade de aceitar que este fato existe e deve ser respeitado. Conviver com as diferenças é fundamental para a manutenção da relação. Não basta amar, tem que haver aceitação mútua e vontade de ceder em prol da relação. É um desafio, mas quando há a intenção de permanecer com a pessoa a quem amamos, é possível e torna-se até fonte de crescimento, visto que intolerância e egoísmo são deformidades morais que devem ser vencidas. O jeito de ser de cada uma das partes deve ser respeitado, temos que encontrar um meio termo. Tudo vai depender de como se lida com os fatos e qual é a importância que se dá a eles.

Quando as diferenças passam a incomodar além da conta, ao ponto de as brigas serem uma constante entre o casal, é hora de reavaliar o relacionamento e a sua viabilidade. Se a maneira de pensar do outro é muito diferente e se esse fato passa a impedir a harmonia, temos que fazer uma pausa e acertar os ponteiros, terminando a relação ou nos propondo a uma conversa aberta, amigável, esclarecedora e definitiva, pois acreditar que podemos mudar o parceiro é uma fantasia que causa frustrações.

A união exige a disposição de ceder, um compromisso de fazer com que o relacionamento dê certo. Temos que nos dispor a conversar sobre os assuntos, procurando soluções, mostrando que existe amor e carinho. Quando cedemos, os sentimentos são protegidos e é respeitado o direito da outra pessoa ser diferente. Vale lembrar que as críticas de natureza negativa constantes desgastam e enfraquecem os laços de amor. Ninguém está qualificado, dentro da relação, a se colocar no papel de juiz, culpando, censurando, condenando, reprovando e denunciando as faltas e fraquezas da outra pessoa. Portanto, a conversa deve ser realizada de forma que as duas partes se coloquem do mesmo lado, e nunca em posição de ataque. Onde há o verdadeiro amor não há o sentimento de superioridade. O objetivo é compreender os sentimentos um do outro, ver as coisas do ponto de vista da outra pessoa, e depois trocar ideias sobre como resolver os problemas.

Diferenças sempre vão existir entre um casal, mas isso não significa que os conflitos tenham que ser constantes, lembrando que aceitação não significa conformismo e sim compreensão de que cada pessoa é única e deve ser respeitada. Não se deve ter medo de perder o "domínio" por aceitar as diferenças, afinal, relação é troca, parceria, e uma das partes não deve estar subjugada à outra.

"O Amor está, contundentemente, contido na proposta de entendimento entre as pessoas, na vontade de encontrar modos de construir relacionamentos mais verdadeiros, mais sinceros."

"Ruídos sempre existirão na interação do casal, mas eles podem soar como trovões ou como música, depende do casal".

"A qualidade da relação conjugal decorre do nível de equilíbrio psicológico presente nos parceiros".

Temos que deixar de fazer da "esgrima" o esporte mais praticado e exercitar diariamente o crescimento pessoal e da relação, amando o ser a quem escolhemos para ser o nosso parceiro, cultivando a admiração e o respeito... A sutil diferença entre dar a mão e acorrentar a alma...

Não sufoque... Não cobre... Não mande... Não exija... Sorria... Aceite... Perdoe... Ame...Viva...